Por Beatriz Machnick, sócia fundadora da BM Consultoria em Precificação e Finanças.
Parcerias e indicações são práticas frequentes na advocacia e representam a união entre especialistas de áreas distintas ou a junção de marcas que somam forças na hora de prestar um serviço de excelência ao cliente. É fato que há muitas vantagens para quem se associa e como já dizia o ditado “parceria é quando todos ganham”.
Sendo assim, antes de firmar cooperações com percentual da ação em indicações ou remuneração de advogados internos, alguns fatores devem ser observados para que a conta feche, e, ao final, seja viável financeiramente para todos. Para isso, a primeira coisa a se fazer é calcular o CMP, ou seja, o Custo Médio do Processo do escritório.
É bom lembrar que o sustento de uma banca a longo prazo não vem do faturamento em si, mas do lucro oriundo de cada processo, porém, muitas vezes, ele é totalmente consumido e deixa o escritório no vermelho, caso os percentuais de remuneração em torno do processo forem calculados sem considerar todos os custos e despesas.
Aqui não estamos falando de custas judiciais, que em alguns casos podem ser bastante elevadas e absorvidas pelo escritório também. Falamos especificamente de quanto custa manter o próprio escritório e, ainda, do custo gerado por cada processo enquanto está ativo. Esse cálculo se inicia pelos pagamentos de impostos, a pela impressão de documentos, cálculos, deslocamentos, estrutura, limpeza, funcionários, além de uma série de outras despesas e tributos.
Na ponta do lápis, é preciso reforçar que esses valores devem ser registrados e acompanhados em uma planilha, que mostrará o valor do total de despesas mensais, dividido pela quantidade de processos movimentados no mesmo período. A esse número, é acrescentado o valor da hora do advogado, visto que os processos demandam tempo de trabalho dos advogados, e isso deve ser considerado. É preciso cuidar para não errar nesse cálculo, afinal a estrutura existe para dar e aos processos que tem movimentação. Ora, uma coisa é quantidade de processos ativos do escritório, outra coisa é quantos processos têm movimentação, o que requer alocação de tempo e, consequentemente, a absorção de custos e despesas.
Se um escritório tem uma despesa total no mês de R$ 30 mil e movimenta 200 processos, cada processo custará R$ 150 mensais para essa estrutura. Esse CMP deverá ser multiplicado pela quantidade de meses que o processo permaneceu no escritório. Imaginemos que, nesse exemplo, o processo durou 24 meses. Durante o período de dois anos, ele custou R$3.600. Esse cálculo, como também os impostos que serão gerados na emissão da nota fiscal quando ocorrer o êxito e demais custas, precisam ser considerados antes de distribuir percentuais das parcerias e indicações.
Muitos escritórios, erroneamente, funcionam como financiadores dos processos até que a ação tenha êxito, mas e quando não há êxito? O prejuízo acaba sendo assumido pela própria banca.
Por isso, muito cuidado no cálculo! Indicações e parcerias são vantajosas, mas somente quando todos ganham. Se os cálculos não são colocados na ponta do lápis, o escritório pode enfrentar prejuízos financeiros sem identificar o que está realmente consumindo sua margem de lucro.