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É preciso fortalecer o ecossistema brasileiro de cooperativas de crédito independentes

Comemoramos em março o Dia da Integração Cooperativista no Brasil. Este ano, ele veio relembrar a importância de fortalecer o cooperativismo de crédito independente, que representa 26% do total da categoria no país. 

As Cooperativas de Crédito independentes foram fundadas inicialmente  para atender as demandas de crédito de setores e pessoas com pouco o ao Sistema Financeiro Nacional. Um bom exemplo disso são as cooperativas de crédito rurais formadas por pequenos produtores, que não tinham o ao crédito através dos bancos tradicionais, como os latifundiários. 

Para aumentar a relevância das suas solicitações junto aos bancos, os produtores se reuniram em associações para pleitear suas necessidades locais em instituições nacionais, como o Banco do Brasil, por exemplo. Dessa forma, as cooperativas de crédito independentes  foram importantes para o desenvolvimento de muitos municípios do interior, principalmente aqueles com economia baseada na agricultura familiar. 

Com o desenvolvimento do mercado e a criação de grandes redes, elas continuaram representando esses trabalhadores, mas expandiram também a atuação para diferentes setores da sociedade. Mas as cooperativas independentes permanecem fieis a essa característica fundamental, alcançando municípios e pessoas que outras instituições financeiras não atendem.

O número dessas instituições, no entanto, tem caído nos últimos anos. Segundo dados do Banco Central (BC) o total de cooperativas independentes no Brasil ou de 222 em 2020 para 209 em 2023, uma queda de 5%. 

Representatividade

Sou um grande entusiasta de cooperativas. Durante oito anos trabalhando no setor – diretamente na operação, bem como membro da diretoria – pude ver com meus próprios olhos o impacto que elas oferecem a pequenas cidades do interior em todo o Brasil. 

É possível ver claramente a economia de pequenas cidades aflorar após a fundação de uma cooperativa, onde anteriormente só existia uma lotérica para pagar contas e nenhuma estrutura bancária. Por isso, a tendência de incorporação de cooperativas independentes por grupos maiores, me preocupa. 

Cooperativas integradas a centrais têm a vantagem de receber recursos e tecnologia de forma mais rápida mas, em contrapartida, quando um grupo olha para as necessidades de cidades maiores (não necessariamente metrópoles), elas organicamente terão prioridade com relação a regiões menos favorecidas. Isso cria lacunas e deixa o interior ainda mais distante economicamente. Dessa forma, ela deixa de trazer retorno para a comunidade onde ela foi fundada. 

Esse movimento tem ocorrido principalmente pelo fato de não existir uma associação ativa e atuante que represente sua força e suas demandas diretamente ao Banco Central. Por isso, cooperativas integradas a centrais, acabam tendo uma representatividade maior junto ao BC. Ou seja, quanto maior a entidade, maior sua força de representação. 

É importante frisar que o Banco Central não é um vilão no tema e que todas as categorias de entidades financeiras merecem a atenção do órgão. No entanto, o fortalecimento do ecossistema de cooperativas de crédito independentes é essencial para acelerar o desenvolvimento econômico no interior e, além disso, garantir que esse público seja atendido de forma democrática. 

Além disso, a crescente incorporação de cooperativas faz com que se perca a competitividade, e consequentemente uma queda na qualidade de atendimento. Afinal, uma central nem sempre é  capaz de conhecer as demandas específicas do usuário na ponta.

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fundador e CBO da CashWay.

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